Portugal: Novo Passe Ferroviário Financiado pelos Contribuintes Irá Canibalizar o Mercado Ferroviário de Longa Distância

Entrou ontem em vigor um novo passe ferroviário que irá canibalizar o mercado único ferroviário da União Europeia.

O novo passe ferroviário tem um preço absurdamente barato – apenas €20 por mês – e oferece viagens ilimitadas em todos os serviços ferroviários subsidiados com o dinheiro dos contribuintes (inclusivamente nos serviços urbanos que não estão abrangidos por passe intermodal metropolitano).

Este passe pode inclusivamente ser usado nos serviços ferroviários de longa distância (o Intercidades) que foram atribuídos por ajuste direto em regime de exclusividade à CP, o operador ferroviário estatal português:

  • Viagens com qualquer duração (e.g. mais de 8 horas num único sentido), ilimitadas por mês (com possibilidade de reserva de lugar para duas viagens distintas por dia),
  • Com o contribuinte a suportar a totalidade dos prejuízos da CP.

O preço extremamente baixo do novo passe ferroviário é claramente insustentável; irá canibalizar todas as tentativas de abertura do mercado do transporte ferroviário de passageiros de longa distância.

De acordo com um comentador português que trabalha nos caminhos-de-ferro alemães (DB), a receita resultante deste novo passe ferroviário pode nem sequer cobrir um terço do custo do serviço.

Na realidade, como se pode constatar noutros Estados membros da União Europeia, desde a Suécia à Chéquia, não são necessários subsídios para baixar os preços – tal resulta da liberalização do mercado.

Pelo contrário, em Portugal, os novos operadores de longa distância serão obrigados a concorrer contra o dinheiro dos contribuintes, o que é obviamente impossível.

É tempo de criar condições para uma concorrência justa, permitindo aos operadores independentes entrar no mercado, combatendo as políticas nacionais que minam o espaço ferroviário único da União Europeia e inviabilizam os investimentos na alta velocidade em Portugal.

O desafio é tremendo. É necessária uma ação urgente e decisiva, pedindo-se a intervenção dos nossos decisores políticos.

O Secretário-Geral da ALLRAIL, Nick Brooks, declarou: “Este não é um momento para hesitações. É um momento para ter a coragem de fazer o que é necessário para criar um mercado justo e competitivo. Os investidores privados virão para Portugal, mas só se houver medidas FORTES contra a canibalização dos serviços que está a ser suportada pelos contribuintes.